quinta-feira, 19 de setembro de 2013

EXISTE PESSOAS HONESTAS


Mendigo acha quase 100 mil reais e devolve por que é religioso

População realiza campanha pela internet para angariar fundos para James

Glen James era um sem-teto que vive nas ruas de Boston. Agora ele é quase uma celebridade, sendo matéria de vários jornais e canais de TV. O motivo de tanta atenção é por um testemunho inusitado.

Na segunda (16) ele encontrou na rua uma mochila com cerca de US$ 42 mil em dinheiro [86 mil reais] e cheques de viagem, além do passaporte de um turista. Sua atitude imediata foi entregar o que achou para um carro de polícia que estava próximo. As autoridades encontraram o dono da mochila, que não quis ter sua identidade divulgada. Disseram apenas que era um estudante chinês que visitava um amigo na cidade.

Por causa de sua honestidade, no dia seguinte James recebeu uma homenagem da Polícia de Boston, numa cerimônia que foi coberta pela imprensa local.  De forma tímida, disse que não esperava esse tipo de repercussão. “Mesmo que eu estivesse desesperado por dinheiro, não teria pegado um centavo sequer. Sou uma pessoa muito religiosa e Deus sempre cuidou de mim. Gostaria de aproveitar esta oportunidade para agradecer sinceramente a todas as pessoas que me deram alguma ajuda quando eu peço nas ruas. Obrigado!”.

O chefe de polícia de Boston, Edward F. Davis disse que as ações de James mereciam “realmente uma homenagem marcante para ele e sua honestidade. Ele é um cara honesto e percebeu que aquilo pertencia a outra pessoa”, disse Davis.

Quando a matéria foi mostrada em cadeia nacional, a situação de mendicância de James gerou comoção. Uma campanha de angariação de fundos pela internet foi iniciada por um telespectador para que ele possa “recomeçar”. Sua meta é arrecadar US$ 250 mil. Até esta quarta, cerca de 2.600 pessoas já haviam doado pouco mais de US$ 65 mil. A média das doações é de 20 dólares, mas algumas pessoas foram muito generosas. É possível acompanhar a campanha pelo site “Go Fund Me”.

O organizador da campanha, Ethan Whittington, que mora no Estado da Virgínia disse que recebeu o contato de muitas pessoas querendo doar computadores, roupas, alimentos, etc. “O mais surpreendente foram algumas pessoas que acenaram com a possibilidade de doar uma casa ou apartamento… Se pudermos lembrar mais as pessoas de ajudar o próximo, podemos mudar o mundo”, disse.

Enquanto isso, James tem participado de programas de rádio na região e comemora todo o dinheiro extra que as pessoas lhe deram nas ruas nos últimos dias. Ele nem imagina que sua história tem sido divulgada em dezenas de países.

O jornal The Boston Globe acompanhou quando Ethan Whittington conseguiu falar pelo telefone pela primeira vez com Glen James. Eles nunca se viram pessoalmente. James contou que desde 2005 vive nas ruas e dorme em um abrigo da prefeitura. Explicou que perdeu o emprego que tinha como arquivista. Por ter um problema de audição, teve muita dificuldade em encontrar outro. Por isso acabou se tornando um sem-teto.

Fonte: Gospel Prime

terça-feira, 17 de setembro de 2013

QUEM TEM O DIREITO DE BATIZAR?





QUEM TEM O DIREITO DE BATIZAR?
Por Frank Brito
“Portanto ide, ensinai todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. (Mateus 28:19)
“E ninguém toma para si esta honra, senão o que é chamado por Deus”. (Hebreus 5:4)
A minha primeira postagem sobre quem tem o direito de batizar foi escrita em resposta a um questionamento que o Yago Martins levantou sobre isso no Facebook. Ele respondeu à minha primeira postagem em seu blog. Esta minha segunda postagem é uma réplica à postagem do blog dele.
Em minha primeira postagem, eu defendi que a ordem de batizar não foi dada à todos os cristãos, mas somente aos oficiais que exercem o ministério da Palavra. O primeiro argumento do Yago Martins é dizer que todo crente é sacerdote:
“Ora, e uma vez que todo crente é um sacerdote (1 Pe 2:4-10), só podemos crer que está é uma verdade simples de ser crida: ‘E quando o Senhor entendeu que os fariseus tinham ouvido que Jesus fazia e batizava mais discípulos do que João (ainda que Jesus mesmo não batizava, mas os seus discípulos)’ (Jo 4:1,2)”.
Ele repete o mesmo argumento depois ao citar Vincent Cheung:
“os reformados [...] registraram em algumas de suas confissões que somente pessoas devidamente ordenadas poderiam batizar [...]. Trata-se de uma grande bobagem. Não existe base bíblica para isso. Antes, a Bíblia diz que todos os cristãos são sacerdotes em Cristo [...]. Por questão de ordem na igreja, alguns indivíduos, mais provavelmente ministros, são designados a batizar e servir a ceia, mas isso não significa que somente eles podem fazê-lo [...] ― como se houvesse uma elite entre os crentes, que é precisamente aquilo a que os reformados dizem se opor”.
Me surpreendi com esse ter sido argumento inicial do Yago Martins, pois já havia sido respondido em minha primeira postagem, sendo o mais frágil de todos. O Novo Testamento não estabelece nenhuma relação lógica entre o sacerdócio universal de todos os santos e o direito de fazer qualquer coisa na igreja. No Novo Testamento, o sacerdócio universal dos crentes não dá o direito das mulheres pregarem na igreja (I Co 14:34, 35; I Tm 2:12) e, no Antigo Testamento (Ex 19:6), não dava o direito de todos celebraram sacrifícios no templo. Infelizmente, muitos cristãos erradamente pensam que o sacerdócio universal dos santos foi uma inovação do Novo Testamento. A verdade é que, quando Pedro se refere ao sacerdócio universal dos santos, tudo o que ele faz é citar um texto do Antigo Testamento:
“E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo. Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel”. (Êxodo 19:6)
“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós, que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia”. (1 Pedro 2:9-10)
Se no Antigo Testamento já havia sacerdócio universal, mas isso não dava o direito de qualquer um administrar os sacrifícios no templo, porque deveríamos concluir que, no Novo Testamento, o sacerdócio universal dá o direito de todos administrarem os sacramentos, se não há qualquer texto do Novo Testamento que faz essa ligação? O fato é que boa parte dos protestantes hoje tem um entendimento equivocado sobre o significado do sacerdócio universal. Eu expliquei melhor o verdadeiro significado do sacerdócio universal dos santos aqui.
O segundo argumento do Yago Martins foi apelar para o registro histórico extra-bíblico:
“Franklin Ferreira e Alan Myatt elucidam que ‘na igreja primitiva era permitido que qualquer leigo batizado batizasse os novos convertidos; mas, aos poucos, o privilégio passou a ser reservado apenas aos clérigos’[1]. B. B. Warfield explica mais sobre isto [...] No entanto, com o tempo, o ministro natural do batismo tornou-se o bispo, principalmente na primeira parte do século II”.
Yago Martins apela para o testemunho de Franklin Ferreira, Alan Myatt e B. B. Warfield. Segundo Yago Martins, “o ministro natural do batismo tornou-se o bispo, principalmente na primeira parte do século II“. Ou seja, ele acredita que no primeiro século qualquer cristão batizava, mas que no segundo século isso mudou e só os ministros da palavra passaram a batizaram.
O primeiro problema com esse argumento é que o único documento confiável que nós temos sobre a prática na era apostólica é o Novo Testamento. No Novo Testamento, tudo o que temos é o batismo sendo administrado por oficiais ordenados ao ministério da Palavra. Portanto, não temos qualquer documento antes do segundo século, da era apostólica, descrevendo o batismo como sendo administrado por qualquer outro que não fosse um ministro ordenado.
Mas quais evidências ele apresenta dessa suposta mudança? A primeira evidência, dada por B.B. Warfield, é do Didaquê. Mas o Didaquê não diz absolutamente nada sobre quem deveria administrar o batismo. Tudo o que ele diz sobre o batismo é o seguinte:
“No que diz respeito ao batismo, batizai em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo em água corrente. Se não tens água corrente, batiza em outra água; se não puderes em água fria, faze-o em água quente. Na falta de uma e outra, derrama três vezes água sobre a cabeça em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Mas, antes do batismo, o que batiza e o que é batizado, e se outros puderem, observem um jejum; ao que é batizado, deverás impor um jejum de um ou dois dias”.
E depois no capítulo sobre a Ceia do Senhor:
“No que concerne à Eucaristia, celebrai-a da seguinte maneira: Primeiro sobre o cálice, dizendo: Nós te bendizemos, nosso Pai, pela santa vinha de Davi, teu servo, que tu nos revelaste por Jesus, teu servo; a ti, a glória pelos séculos! Amém. Sobre o pão a ser quebrado: Nós te bendizemos, nosso Pai, pela vida e pelo conhecimento que nos revelaste por Jesus, teu servo; a ti, a glória pelos séculos! Amém. Da mesma maneira como este pão quebrado primeiro fora semeado sobre as colinas e depois recolhido para tornar-se um, assim das extremidades da terra seja unida a ti tua igreja em teu reino; pois tua é a glória e o poder pelos séculos! Amém. Ninguém coma nem beba de vossa Eucaristia, se não estiver batizado em nome do Senhor”.
Em nenhum lugar esses textos indicam que o batismo era administrado por qualquer outro que não fosse um ministro ordenado. Ele descreve o batismo, mas não diz por quem era administrado. Portanto, o Didaquê não dá qualquer suporte a essa opinião. A segunda evidência vem de Inácio de Antioquia:
“Inácio de Antioquia, escrevendo para igrejas que lutavam contra heresias e convencido de que um líder ortodoxo manteria a pureza da comunidade, ensinou que a única celebração válida da ceia do Senhor é aquela que um bispo preside, que o único casamento verdadeiramente cristão é o que ocorre com o consentimento dos bispos, além de, obviamente, defender que não era correto batizar sem a presença do bispo”.
Aqui Yago Martins não apresenta qualquer evidência de que esse ensinamentos de Inácio de Antioquia eram diferentes do que já era praticado no primeiro século. Simplesmente dizer que era isso que Inácio de Antioquia ensinava não é suficiente para provar que houve mudança. Nós poderíamos muito bem argumentar justamente o contrário, que Inácio de Antioquia defendia aquilo que já era defendido no primeiro século. Além disso, Yago Martins nem mesmo apresenta qualquer citação do próprio Inácio de Antioquia demonstrando que era isso mesmo que ele defendia. Isso é tudo o que Yago Martins apresenta como evidência da suposta mudança do primeiro para o segundo século, ou seja, nenhuma evidência.
Seu próximo argumento é dizer que “Não é muito difícil… percebermos que, no Novo Testamento e em toda igreja bíblica, o batismo nunca foi um privilégio de pastores ou bispos ordenados, mas um ato cumprido por todo evangelista. Aqueles que vão pregando o evangelho devem batizar os novos crentes”. Mas eu não defendi que a administração do batismo era “um privilégio de pastores ou bispos ordenados, como Yago diz. O que eu defendi é que o privilégio era restrito aos ministros da Palavra. Havia quatro categorias que podemos citar de ministros da Palavra:
- Apóstolos
- Profetas
- Evangelistas
- Pastores/Bispos/Presbíteros

São todos citados por Paulo em sua epístola aos Efésios:
“Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas. E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente”. (Efésios 4:10-14)
Aqui Paulo cita somente os ministros da Palavra. Os ministros da Palavra, sendo especialmente separados e enviados para anunciarem o Evangelho, são o meio estabelecido por Jesus Cristo para “que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente”.
Como eu demonstrei no meu primeiro artigo, a Bíblia explicitamente diferencia os cristãos comuns daqueles que são especialmente ordenados para pregar o Evangelho. Esses são os “ministros da Palavra” e a ordem de batizar não é dada, em Mateus 28, a ninguém além dos que foram especialmente ordenados para pregar o Evangelho. Além disso, no decorrer de Atos dos Apóstolos, não há qualquer menção de ninguém além deles administrando o batismo. Yago tenta citar exemplos do livro de Atos:
“Por que criar este tipo de regra, se a Escritura não a impõe? Em nenhum momento a Palavra diz que o batismo precisa ser realizado por pastores, e a indicação que possuímos é que os discípulos era quem o fazia. “Jesus mesmo não batizava, mas os seus discípulos” (Jo 4:1,2). O próprio Paulo, após ter seu encontro com o Senhor, foi batizado por um simples discípulo chamado Ananias (At 9:10-18). Não há menção de que Ananias fosse um presbítero em Damasco. Da mesma maneira, vemos Felipe, que não era presbítero, mas apenas diácono (At 6:5), descer à Samaria para prega e batizar. Mais tarde, ele batizou também o eunuco no caminho de Jerusalém à Gaza (At 8:12-13, 38)”.
De fato Filipe era diácono e diáconos não são ministros da Palavra, como Atos 6:2-4 deixa claro. Mas, além de diácono, Filipe era também evangelista, como Atos 21:8 deixa claro. Portanto, Filipe batizou o eunuco no exercício de seu ofício de evangelista. Ele era, de fato, alguém especialmente separado e enviado para pregar o Evangelho (Rm 10:15). Sobre Ananias, ele recebeu a ordem por meio de uma visão da parte de Deus, o que significa que ele era um profeta, não um “simples discípulo”, tendo sido especialmente separado e enviado por Deus para batizar. Profetas não eram “simples discípulos”. Eles eram responsáveis por lançar o fundamento da Igreja (Ef 2:20), trazendo nova revelação especial anteriormente desconhecida na história da redenção (Ef 3:5). Ele pergunta:
“Por que criar este tipo de regra, se a Escritura não a impõe? Em nenhum momento a Palavra diz que o batismo precisa ser realizado por pastores, e a indicação que possuímos é que os discípulos era quem o fazia”.
Não precisa haver proibição explicita. Basta que a ordem não seja dada aos cristãos comuns, mas somente aos ministros da Palavra. Um dos grandes erros dos cristãos hoje é acha que se algo na Igreja não é explicitamente proibido, então é permitido. A Bíblia ensina o contrário, que o que não é permitido na Igreja, é proibido. Para maiores informações sobre isso, leia o artigo que escrevi aqui. O fato é que os únicos textos que falam sobre quemdeveria batizar trazem ordens direcionadas aos ministros da Palavra e todos os exemplos de batismo que nós temos no Novo Testamento seguem estemesmo padrão, são administrados por ministros da Palavra. Não é possível apresentar qualquer evidência de que o batismo era administrado por quaisquer outros. Portanto, não temos autorização para quaisquer outros administrarem o batismo. Yago Martins tenta apresentar mais evidências:
“a indicação que possuímos é que os discípulos era quem o fazia. ‘Jesus mesmo não batizava, mas os seus discípulos’ (Jo 4:1,2)”.
“Discípulo” é frequentemente usado no Novo Testamento para se referir somente aos doze apóstolos (Mt 10:1) e, além disso, pode se referir ao grupo estrito dos setenta evangelistas (Lc 10:1). Não há qualquer evidência no texto que mostre que eram cristãos comuns. Além disso, o mesmo capítulo deixa claro que aqueles discípulos foram especialmente ordenados para serem pregadores do Evangelho:
“Então os discípulos diziam uns aos outros: Trouxe-lhe, porventura, alguém algo de comer? Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra. Não dizeis vós que ainda há quatro meses até que venha a ceifa? Eis que eu vos digo: Levantai os vossos olhos, e vede as terras, que já estão brancas para a ceifa. E o que ceifa recebe galardão, e ajunta fruto para a vida eterna; para que, assim o que semeia como o que ceifa, ambos se regozijem. Porque nisto é verdadeiro o ditado, que um é o que semeia, e outro o que ceifa. Eu vos enviei a ceifar onde vós não trabalhastes; outros trabalharam, e vós entrastes no seu trabalho”. (João 4:33-38)
O texto paralelo deixa claro que ele estava se referindo a ministros ordenados, especialmente encarregados disso:
“E, vendo as multidões, teve grande compaixão delas, porque andavam cansadas e desgarradas, como ovelhas que não têm pastor. Então, disse aos seus discípulos: A seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros. Rogai, pois, ao Senhor da seara, que mande ceifeiros para a sua seara”. (Mateus 9:36-38)
Yago Martins diz mais:
“Por que ignorar tal liberdade? Ora, se a ordem da Grande Comissão é entregue a todo crente e se o mandamento de batizar os discípulos está dentro deste mandato, porque o cristão leigo é proibido de obedecer tal parte do mandamento?”
Porque, como eu já demonstrei no primeiro artigo, a Grande Comissão não é entregue a todo crente. Se tornou tão natural em nossos dias acreditar que sim, que é difícil as pessoas entenderem que o Novo Testamento não coloca todos os crentes na categoria de pregadores. As vezes tenho a impressão de que os crentes modernos pensam que não há diferença entre os oficiais da Igreja e os crentes comuns, que tudo não passa de uma convenção humana. O fato é que há sim diferença, essa diferença foi ordenada pelo próprio Deus e, portanto, não podemos presumir que todos os crentes tenham os mesmos direitos e privilégios que os oficiais. Isso seria estabelecer a anarquia. Devemos cuidadosamente separar o que é dito aos oficiais do que é dito dos cristãos comuns.
“Alguém escreveu que a Grande Comissão – ou, pelo menos, o ensino e o batismo – “não se refere às obrigações de todos os cristãos, mas especificamente à função dos ministros da Palavra”. O problema é que este argumento não pode ser sustentado pelo texto, e sequer é a interpretação mais simples dele”.
Pode não ser a interpretação mais “simples” para cristãos que erradamente acreditam que o Novo Testamento coloca todos os crentes na categoria depregadores, mas é a interpretação óbvia para quem se conscientiza que o Novo Testamento e classifica como “pregadores” somente os ministros ordenados e não qualquer cristão. O Novo Testamento inteiro se refere aos “pregadores” dessa maneira, como oficiais distinto dos cristãos comuns.
“E como pregarão, se não forem enviados? como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam o evangelho de paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas”. (Romanos 10:15)
“Não sabeis vós que os que administram o que é sagrado comem do que é do templo? E que os que de contínuo estão junto ao altar, participam do altar? Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho”. (I Coríntios 9:13-14)
“Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina“. (I Timóteo 5:17)
A Bíblia não estabelece o igualitarismo eclesiástico. Alguns ocupam o ofício de mestres/pregadores e outros não. A quem a Grande Comissão foi dirigida?
“Partiram, pois, os onze discípulos para a Galiléia, para o monte onde Jesus lhes designara. Quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram. E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto ide, ensinai todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. (Mateus 28:16-19)
“Finalmente apareceu aos onze, estando eles assentados à mesa, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem crido nos que o tinham visto já ressuscitado. E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado”. (Marcos 16:14-16)
Yago Martins tenta apresentar uma interpretação alternativa:
“Entre acreditar que provavelmente mais de 500 discípulos estavam, naquele momento, sendo ordenados para o ministério oficial ao invés de crer que aquela era uma ordem geral para todo o crente não é só muita vontade de impor as próprias ideias ao texto, mas deitar a Grande Comissão na cama de Procusto”.
O texto é claro: “E, aproximando-se Jesus, falou-lhes… (Mt 28:17), “E disse-lhes…” (Mc 16:16). Nos dois casos, “lhes” está claramente se referindo“onze” da frase anterior. Claramente, eram os ministros da Palavra sendo enviados para pregar o Evangelho e batizar. Não há nenhuma imposição aqui. A imposição é negar o que o texto diz explicitamente, que a ordem foi dada aos onze, não à quinhentos e ignorar que por todo o Novo Testamento há uma distinção entre os cristãos comuns e os que são especialmente ordenados para pregar o Evangelho.
“Há, ainda, quem acredite que apenas os Onze Apóstolos vivos na época estavam ali, recebendo aquela ordem”.
Não há motivo para pensar o contrário, pois isso é o que o textoexplicitamente diz.
“D. A. Carson nos dá um argumento textual claro, analisando o verso 10 de Mateus 28: “Então Jesus disse-lhes: Não temais; ide dizer a meus irmãos que vão à Galileia, e lá me verão”. Alguns acham que “meus irmãos” nada mais é que um modo elevado de se referir aos Onze, mas isto ignora o uso do termo em Mateus, onde, com exceção do relacionamento natural, é usado como referência à irmandade dos que reconhecem Jesus como Messias (18:15;23:8; cf. 5:22-24; 7:3-5; 18:21,35). Nas duas outras passagens onde Jesus usou a expressão plena “meus irmãos” (12:49,50;25:40), ela refere-se a todos os discípulos de Jesus e não pode ser limitada aos apóstolos somente. Deste modo, Jesus estava conclamando todos os que estavam ligados a Sua causa a comparecerem no monte da Galileia, e não apenas os Onze.”
Essa interpretação ignora que o texto explicitamente diz quem são os “irmãos” no verso 16 e explicitamente identifica a quem Jesus se dirigiu para dar a Grande Comissão:
“Então Jesus disse-lhes: Não temais; ide dizer a meus irmãos que vão à Galiléia, e lá me verão… E os onze discípulos partiram para a Galiléia, para o monte que Jesus lhes tinha designado”. (Mateus 28:10,16)
O texto não se refere à ninguém além deles. Não fala nada sobre os supostos quinhentos. Se havia outros além dos onze, não há qualquer base no texto para inferir. Pelo contrário, o texto diz que tudo o que é dito por Jesus, é dito aos onze:
“E os onze discípulos partiram para a Galiléia, para o monte que Jesus lhes tinha designado. E, quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram. E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra”. (Mateus 28:16-18)
Quando o texto diz que eles “o viram”, ele está evidentemente se referindo ao grupo do verso anterior, “os onze”, já que o texto não menciona ninguém além deles. Ir além disso é especulação e não pode ser usado para firmar qualquer doutrina. Além disso, o texto em que há uma ordem paralela em Marcos 16 é igualmente enfático sobre quem estava lá recebendo a ordem:
“Finalmente apareceu aos onze, estando eles assentados à mesa, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem crido nos que o tinham visto já ressuscitado. E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura”. (Marcos 16:14-15)
Para resumir:
1) O sacerdócio universal de todos os santos não tem nada a ver com o direito de administrar os sacramentos ou mesmo com o direito de pregar na Igreja.
2) Nenhuma evidência foi apresentada de que o segundo século trouxe inovação quanto ao direito de batizar. As evidências apresentadas nada dizem sobre isso.
3) Nenhum exemplo do Novo Testamento foi apresentado mostrando que qualquer pessoa, além dos ministros da Palavra, administravam o batismo.
4) Nenhuma evidência foi apresentada de que a Grande Comissão tenha sido dirigida à outros se não os ministros da Palavra, especialmente ordenados e separados para pregar, conforme o padrão que encontramos no resto do Novo Testamento.


“Portanto ide, ensinai todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. (Mateus 28:19)

“E ninguém toma para si esta honra, senão o que é chamado por Deus”. (Hebreus 5:4)

Jesus mandou batizar as nações em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Mas a quem é dado esse dever e responsabilidade? Quem tem esse direito? Qualquer cristão pode administrar o batismo? Ou somente aqueles que foram devidamente ordenados? Essa pergunta causa dúvidas em muita gente.

A confusão existe por um entendimento equivocado do verdadeiro sentido de “ensinar” (Mt 28:19) e “pregar o Evangelho” (Mc 16:15) na Grande Comissão. Se todos os cristãos têm a obrigação de “pregar o evangelho a toda criatura” (Mc 16:15), por que não teriam o direito de batizar (Mc 16:16)? O fato é que “ensinar” e “pregar o Evangelho” nestas passagens não se refere às obrigações de todos os cristãos, mas especificamente à função dos ministros da Palavra:

"Porque pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não tenha de si mesmo mais alto conceito do que convém; mas que pense de si sobriamente, conforme a medida da fé que Deus, repartiu a cada um. Pois assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma função, assim nós, embora muitos, somos um só corpo em Cristo, e individualmente uns dos outros. De modo que, tendo diferentes dons segundo a graça que nos foi dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé; se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino; ou que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com zelo; o que usa de misericórdia, com alegria".(Romanos 12:3-8)

Aqui Paulo está se referindo aos diferentes dons e vocações na Igreja. Diferentes cristãos têm diferentes chamados como parte do corpo. O último que ele cita é o “que usa de misericórdia” (Rm 12:8). Mas como isso pode ser um dom específico para alguns cristãos? A obrigação de ser misericordioso não é uma obrigação de todo cristão? O fato dele se referir ao “uso de misericórdia” como um chamado específico deixa claro que ele está se referindo à uma função específica na Igreja. João Calvino comentou:

"O cuidado dos pobres foi confiado aos diáconos. Todavia, na Epístola aos Romanos lhes são atribuídas duas modalidades: ’Aquele que distribui’, diz Paulo aí, ‘faça-o com simplicidade; aquele que exerce misericórdia, com alegria’ (Rm 12.8). Uma vez que certamente ele está falando dos ofícios públicos da Igreja, necessariamente houve dois graus distintos de diáconos. A não ser que me engane o juízo, no primeiro membro da cláusula ele designa os diáconos que administravam as esmolas; no segundo, porém, aqueles que se dedicaram a cuidar dos pobres e dos enfermos, como, por exemplo, as viúvas das quais faz menção a Timóteo [1Tm 5.9, 10]".

Paulo diz também, “se é ensinar, haja dedicação ao ensino” (Rm 12:8). Claramente, “ensinar” aqui não se refere ao que qualquer cristão pode fazer em sua vida diária, compartilhando a Palavra de Deus com amigos, familiares, colegas de trabalho, etc. Ele se refere aos que exercem o ministério da Palavra. Neste sentido, alguns são chamados para pregar e ensinar e outros não, alguns são pregadores e mestres e outros não:

“E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro mestres… Porventura são todos apóstolos? São todos profetas? São todos mestres?” (I Coríntios 12:28-29)

“Não sabeis vós que os que administram o que é sagrado comem do que é do templo? E que os que de contínuo estão junto ao altar, participam do altar? Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho”. (I Coríntios 9:13-14)

Aqui o Apóstolo Paulo estava defendendo o direito dos ministros da Palavra de receberem um salário. “Os que anunciam o Evangelho”, portanto, não são todos os cristãos. Se fossem todos cristãos, então todo e qualquer cristão teria o direito de ser sustentado pela igreja. Quando Paulo se refere aos “que anunciam o evangelho”, ele está se referindo aos ministros da Palavra, como era o caso dele mesmo, um apóstolo. Ele claramente distingue entre os cristãos de forma geral daqueles que são especialmente encarregados de anunciar o Evangelho. É sobre isso que ele fala aos Romanos:

“Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam o evangelho de paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas”. (Romanos 10:14-15)

O sentido é mesmo de I Coríntios 9:13-14. Ele não se refere à qualquer cristão, mas aos que exercem o ministério da Palavra. É por isso que ele se refere aos pregadores como sendo “enviados”, como ele mesmo foi:

“E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram. E assim estes, enviados pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre”. (Atos 13:2-4)

E também:

“Mas, irmãos, em parte vos escrevi mais ousadamente, como para vos trazer outra vez isto à memória, pela graça que por Deus me foi dada; Que seja ministro de Jesus Cristo para os gentios, ministrando o evangelho de Deus, para que seja agradável a oferta dos gentios, santificada pelo Espírito Santo. De sorte que tenho glória em Jesus Cristo nas coisas que pertencem a Deus. Porque não ousarei dizer coisa alguma, que Cristo por mim não tenha feito, para fazer obedientes os gentios, por palavra e por obras; Pelo poder dos sinais e prodígios, na virtude do Espírito de Deus; de maneira que desde Jerusalém, e arredores, até ao Ilírico, tenho pregado o evangelho de Jesus Cristo. E desta maneira me esforcei por anunciar o evangelho, não onde Cristo foi nomeado, para não edificar sobre fundamento alheio; Antes, como está escrito: Aqueles a quem não foi anunciado, o verão, E os que não ouviram o entenderão”. (Romanos 15:15-21)

Como os demais apóstolos:

“E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas. Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio. Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da Palavra. (Atos 6:2-4)

“Os que anunciam o evangelho” (Rm 10:15) são os que exercem o “ministério da Palavra” e os que “servem as mesas” são os diáconos. Foi aos ministros da Palavra que Nosso Senhor mandou:

“Portanto ide, ensinai todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. (Mateus 28:19)

“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado”. (Marcos 16:15-16)

A ordem de batizar, então, não é dada aqui a todos os cristãos, mas somente “aos que anunciam o evangelho” (I Co 9:13-14; Rm 10:15), isto é, os que foram especialmente vocacionados, separados e enviados por Jesus Cristo para exercer o “ministério da Palavra” (At 6:4), como foram os apóstolos. Este é o padrão que encontramos por todo o Novo Testamento. Somos informados que o batismo foi administrado pelo profeta João (Mt 3; Mc 1; Lc 3; Jo 1), pelos apóstolos (Jo 4:1; At 16:33), pelo evangelista Filipe (At 8:36-38; 21:8), mas em nenhum momento somos informados de batismo sendo administrados por qualquer outro se não aqueles que exerciam o ministério da Palavra. Como escreveu João Calvino:

"Nesta matéria é também preciso saber que é impróprio a pessoas particulares assumirem a administração do batismo, visto que este é um ofício do ministério eclesiástico, seja a ministração deste sacramento, como também da Ceia. Pois Cristo não deu mandamento a nenhum homem ou mulher que ministrasse o batismo; antes, àqueles a quem ele constituíra apóstolos… As palavras de Cristo são claras: ‘Ide, ensinai a todos os povos e batizai’ [Mt 28.19]. E se ele não designa a outros como ministros para batizar senão aos que designou para pregar o evangelho; e se o Apóstolo testifica que ninguém deve usurpar esta honra senão aquele que foi chamado, como Arão [Hb 5.4], qualquer que sem vocação legítima batiza, age mal, assumindo o ofício de outro [1Pe 4.15]".(Institutas da Religião Cristã, 4:15:20,22)

Esta posição foi atacada pelo teólogo e escritor Vincent Cheung:

“Também, os reformados até mesmo registraram em algumas de suas confissões que somente pessoas devidamente ordenadas poderiam batizar ou servir a santa ceia. Trata-se de uma grande bobagem. Não existe base bíblica para isso. Antes, a Bíblia diz que todos os cristãos são sacerdotes em Cristo; já que somos sacerdotes, e por também não existir qualquer exceção explícita a isso, até mesmo uma criança ou mulher cristã podem em princípio servir a ceia, assim como uma criança ou mulher podem ensinar e pregar a palavra de Deus. A única proibição a elas é autoridade oficial na igreja. É uma grande diferença. Por questão de ordem na igreja, alguns indivíduos, mais provavelmente ministros, são designados a batizar e servir a ceia, mas isso não significa que somente eles podem fazê-lo. É uma negação direta do sacerdócio de todos os crentes restringir funções sacerdotais a ministros ordenados ― como se houvesse uma elite entre os crentes, que é precisamente aquilo a que os reformados dizem se opor”.

O argumento de Vincent Cheung, baseado no sacerdócio universal dos crentes, é extremamente frágil. De fato, a Bíblia ensina o sacerdócio universal dos crentes, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento (Ex 19:6; Ap 1:6; I Pd 2:5). Mas a Bíblia também ensina que “nem todos os membros têm a mesma operação" (Rm 12:3-4). O fato de todos os crentes serem sacerdotes não significa que são chamados para exercer os mesmos ofícios. Alias, um dos maiores males do Brasil hoje é o excesso de pastores sem a vocação para pregar e ensinar. “Porventura são todos apóstolos? São todos profetas? São todos mestres?” (I Coríntios 12:28-29) Não, ainda que todos sejam sacerdotes. Além disso, o sacerdócio universal dos crentes não dá o direito das mulheres pregarem (I Co 14:34, 35; I Tm 2:12). O sacerdócio universal de todos os crentes, então, não dá o direito de todos fazerem qualquer coisa. O fato é que ordem de batizar foi dada somente “aos que anunciam o evangelho” (I Co 9:13-14; Rm 10:15), isto é, aos que foram especialmente vocacionados, separados e enviados por Jesus Cristo para exercer o “ministério da Palavra” (At 6:4).

Essa distinção é semelhante a que já havia no Antigo Testamento:

“E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo. Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel”. (Êxodo 19:6)

“Porque os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, e da sua boca devem os homens buscar a Lei porque ele é o mensageiro do SENHOR dos Exércitos. Mas vós vos desviastes do caminho; a muitos fizestes tropeçar na Lei; corrompestes a aliança de Levi, diz o SENHOR dos Exércitos. Por isso também eu vos fiz desprezíveis, e indignos diante de todo o povo, visto que não guardastes os meus caminhos, mas fizestes acepção de pessoas na Lei”. (Malaquias 2:7-9)

Em certo sentido, todo homem no Antigo Testamento poderia e deveria ensinar ao seu próximo sobre a Lei e os mandamentos do Senhor, como parte do sacerdócio universal. Mas, estritamente falando, somente os mestres de Israel eram os sacerdotes levitas. Da mesma forma, em certo sentido poderíamos dizer que todo cristão deve pregar e ensinar. Mas, estritamente falando, os pregadores são somente os ministros da Palavra. Os ministros da Palavra do Novo Testamento são os sucessores dos sacerdotes levitas no Antigo Testamento, quanto ao ofício de pregar e ensinar e quanto ao ofício de administrar os sacramentos. Essa é a base da comparação de Paulo: ”Não sabeis vós que os que administram o que é sagrado comem do que é do templo? E que os que de contínuo estão junto ao altar, participam do altar? Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho”. (I Coríntios 9:13-14) Na Grande Comissão, Jesus Cristo não estava somente mandando ensinar e batizar, mas estava também separando e enviando aqueles que haveriam de ser os pregadores. A Confissão Belga resume isso ao identificar os pastores como aqueles que foram encarregados do ofício de pregar a Palavra e administrar os sacramentos:

“Cremos que esta verdadeira igreja deve ser governada conforme a ordem espiritual, que nosso Senhor nos ensinou na sua Palavra. Deve haver ministros ou pastores para pregarem a Palavra de Deus e administrarem os sacramentos". (Confissão Belga, Artigo 30, “O Governo da Igreja”)


Fonte: Resistir e Construir